Pular para o conteúdo principal

Entrevista com o CEO da Tectoy, Sérgio Bastos fala do futuro da empresa

Por: Vinícius Lopes - Tecnologia em Geral

A Tectoy está se reinventando. A queda nas vendas mundiais de videogames ligou o alerta na fabricante nacional alguns anos atrás, obrigando-a a buscar alternativas.
Sérgio Bastos

 

A Tectoy está se reinventando. A queda nas vendas mundiais de videogames ligou o alerta na fabricante nacional alguns anos atrás, obrigando-a a buscar alternativas. Depois de arriscar-se no segmento de DVDs, cujo futuro não é muito promissor, a Tectoy parece ter reencontrado o rumo do crescimento, agora focando em tablets licenciados para o público infantil e com conteúdo exclusivo, em boa parte desenvolvido em seu estúdio próprio. MOBILE TIME conversou com o CEO da empresa, Sergio Bastos, às vésperas do Dia das Crianças.

MOBILE TIME - Quem foi criança na década de 90 lembra da Tectoy por causa dos videogames Master System e MegaDrive. De lá para cá a empresa se diversificou e este ano entrou no mercado de tablets. Como e por que decidiram expandir a atuação para tablets?

Sergio Bastos – Antes de mais nada, devo dizer que o Master System é o videogame que está há mais tempo no mercado brasileiro e, se bobear, no mundo. Está em produção até hoje e continuamos vendendo volumes consideráveis dele. A versão atual vem com 130 jogos embarcados.

Bem, depois que perdemos um pouco de força em videogames, analisamos outros nichos. Nosso DNA sempre foi o público infantil e jovem. É onde a gente se diferencia e sabe fazer melhor. No começo de 2010 entramos no mercado de DVDs, primeiro com aparelhos convencionais e depois com produtos licenciados, que cresceram muito. Mas DVD não pode ser um produto para o médio ou longo prazo. Através de pesquisas vimos que parte das crianças jogam Playstation 3, mas há uma faixa de idade, por volta de quatro anos, que não usa ainda esse videogame. Vimos nas pesquisas que o gadget de entretenimento dessa faixa etária é o tablet ou o smartphone do pai. Então identificamos uma oportunidade de mercado.

A Tectoy começou com um modelo de tablet da Disney, o Magic. Qual a diferença dele para um tablet de adulto?

Nosso tablet é de verdade, mas voltado para crianças. Não é um tablet de brinquedo. A criança tem que ter a mesma experiência que tem no tablet do pai. Se for algo um pouco pior, vai encostar e voltar a jogar com o do pai. E temos que rechear de conteúdo. Na parceria com a Disney pusemos dentro do tablet diversos conteúdos infantis.

Quem desenvolveu o conteúdo que vem nos tablets da Tectoy?

Temos a Tectoy Entretenimento Digital, que é um estúdio que já fez jogos para Facebook, Android e iOS. Esse estúdio desenvolveu todo o conteúdo para o Magic Tablet. O Magic foi lançado às vésperas do natal do ano passado e fez muito sucesso. Na Fnac chegou em uma quinta-feira e no sábado estava esgotado.

Depois fomos pensando em produtos para o Dia das Crianças deste ano. Primeiro criamos uma nova versão do Magic Tablet, agora com nove jogos embarcados e uma série de wallpapers. São cinco games da Disney, que na Google Play são pagos, e quatro desenvolvidos por nós, que por enquanto são exclusivos para o Magic Tablet mas que depois vão entrar na loja da Disney: um jogo da memória, um quebra-cabeça, um jogo de edição de fotos e outro de colorir. Quando a criança liga o tablet, encontra muitas alternativas de conteúdo sem precisar se conectar no Wi-Fi.

Depois veio o tablet da Galinha Pintadinha...

Sim. Foi um sucesso enorme agora no Dia das crianças. A recepção no varejo foi muito boa. Desenvolvemos o app da Galinha Tagarela (N.E.: app de talking, em que a galinha repete o que a criança diz) e outros jogos. E o tablet traz embarcados os três DVDs completos da Galinha Pintadinha, somando 42 clipes, além de vários wallpapers. Até março do ano que vem esses apps são exclusivos do nosso tablet. Depois a Bromélia poderá subi-los para a Google Play (N.E.: Bromélia é a produtora da Galinha Pintadinha).

Para o Natal terão algum outro lançamento de tablet infantil?

Seguiremos com Disney e Galinha Pintadinha.

Qual a sua avaliação da atuação da Tectoy dentro desse segmento de tablets infantis?

Fomos pioneiros. Conseguimos aprender sobre o mercado. Nosso diferencial é o conteúdo. Não vi nenhum concorrente com conteúdo e parcerias tão fortes quanto as nossas. Não vamos simplesmente pintar um tablet de uma cor e botar no mercado. Não pensamos apenas no design, mas na experiência que a criança terá quando abrir o produto.

Como lidam com a questão do acesso ao conteúdo pelas crianças? Há algum tipo de controle para os pais no tablet?

Os pais precisam estar presentes nesse acesso da criança ao mundo digital, seja através do tablet ou qualquer outro device. Trata-se de um caminho sem volta e é necessário que os pais a acompanhem. Temos uma ferramenta do Google que vem com restrição a palavras, mas estamos desenvolvendo agora um app de controle parental com o qual o pai poderá limitar ou não o acesso da criança (a conteúdo externo). Ele deve estar pronto no próximo trimestre. De todo modo, os pais precisam estar presentes, porque a criança vai acessar o mundo digital de uma forma ou de outra, seja através do tablet ou de outros devices. É importante essa conscientização. Acreditamos que nosso tablet seja um passatempo em família. É para pais e filhos brincarem juntos. E cabe lembrar que o tablet não pode substituir as outras atividades da criança.

A Tectoy também fabrica tablets para adultos. Isso não significa um desvio da sua estratégia de focar no público infanto-juvenil?

Os tablets licenciados têm uma sazonalidade forte no segundo semestre. Só que precisamos viver no primeiro semestre também. Precisamos de produtos que tragam equilíbrio para a gente. Entendemos que no médio prazo a linha de baby care vai nos ajudar nesse sentido, pois não é afetado por sazonalidade. Em paralelo temos esses tablets não licenciados, que começamos a produzir em razão de uma demanda do varejo. (N.E.: O segmento de baby care é composto por equipamentos eletrônicos de monitoramento e cuidado de bebês).

No caso dos tablets sem conteúdo licenciado, como a Tectoy se diferencia dos concorrentes?

Procuramos a diferenciação através da qualidade. Todos os nossos produtos são feitos em Manaus. E antes de chegarem ao mercado passam por vários testes na linha de produção. Ficam ligados por quatro horas sendo testados. Há alguns aventureiros que entram no mercado, vendem um grande volume, mas enfrentam problemas de qualidade. Nós estamos há mais de 25 anos no mercado.

O desenvolvimento dos produtos é feito internamente ou usam projetos oferecidos pelos fornecedores de chipsets?

É desenvolvimento interno. A maior parte dos componentes vêm de fora. E nós fazemos toda a montagem de placa e a montagem final no Brasil. Temos um time de engenharia que viaja regularmente para a Ásia para escolher os componentes, conversar com fornecedores etc. Investimos de 3% a 4% do nosso faturamento em pesquisa e desenvolvimento aplicado em conteúdo e no desenvolvimento dos produtos.

Qual a projeção de vendas de tablets da Tectoy para este ano e para 2014?

A Tectoy é uma empresa aberta. Não posso falar em números. Os tablets estão ganhando representatividade dentro do nosso faturamento. A médio prazo, os tablets licenciados e a linha de baby care serão as principais da empresa.

A Tectoy vai vender smartphones?

No curto prazo não. Já analisamos e temos algumas ideias. Não temos nenhum projeto de smartphone em andamento.

O que podemos esperar da Tectoy no futuro?

Reiventamos nosso line-up de produtos. Seguimos trabalhando em videogames. Com a saída do Playstation 2 do mercado, há gap grande para Xbox e Playstation 3. E o segmento de DVDs sabemos que vai perder representatividade daqui em diante. Os segmentos de tablets e baby care são os dois que mais aumentam. Os tablets no curto prazo, e o baby care a médio e longo prazo.
 

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O que aconteceu com a Evadin?

Por: Vinícius Lopes - Tecnologia em Geral   A Evadin foi uma das maiores empresas de eletrônicos do Brasil, criada na década de 60 importando produtos da japonesa Mitsubishi e também com marca própria. Com o tempo foi fabricando televisores e outros produtos da Mitsubishi, em 1999 a Mitsubishi cancelou o contrato com a empresa brasileira, dando um prazo de até 3 anos para colocar outro nome nos produtos, mas a Evadin não fez o prometido e continuou lançando produtos com a marca Mitsubishi, enquanto isso no outro lado do mundo a Mitsubishi diz que seus produtos brasileiros não tem tecnologia japonesa e não tem suporte das autorizadas.   Em 2003 a Evadin não desiste do nome Mitsubishi mas lança produtos com a Marca Aiko, como televisores e aparelhos de vídeos, no começo de 2007 a Evadin é notificada pela justiça por usar o nome Mitsubishi sem autorização, a mesma diz que sem o nome Mitsubishi a empresa iria à falência, a empresa retira os produtos Mitsubishi as pressas do mercado e

Review: Tablet Bravva Planet Tab BV-400RK

Por: Vinícius Lopes - Tecnologia em Geral   A Bravva Tech é uma empresa brasileira fabricante de tablets, hoje vou fazer a resenha do tablet Planet Tab BV400RK, que conta com processador de 1,2GHz com GPU gráfica Mali 400MP de 250MHz e 512MB de RAM tudo isso rodando o Android 4.1.1 Jelly Bean. O Tablet     O tablet é atualmente o mais barato do Brasil, com preços que giram entre R$260,00 até R$399,00, por isso tem que levar em conta o preço primeiro, para depois tirar as conclusões.   O design do tablet é bonito e simples, a traseira é texturizada, o modelo testado foi o branco, que contém algumas diferenças do preto (chamado de BV400) como o processador, que no branco e rosa (BV400RK) é Rockchip, e no preto é um Allwinner além de não conter saída HDMI.   A frente do aparelho é black piano e deixa muitas marcas de dedo, os três botões frontais são soft touch, e comtém o botão Voltar, Home e Menu, mas não contém o botão de aplicações, com isso não substitui o barra de

Braox lança All-in-one Slim

Por: Vinícius Lopes - Tecnologia em Geral   A empresa brasileira Braox lançou o All-in-one Slim, a configuração é a mais básica possível com processador Intel Celeron Dualcore de 1,1GHz, memória RAM de 2GB expansível até 16GB, a tela é de 17'' polegadas com resolução de 1440x900. DUAL CORE SLIM Processador: Intel® Celerom Dual Core; Velocidade do Processador (clock): 1,1 GHz; Memória cachê do Processador: 2MB cachê L2; Chipset: Intel® 847; Tamanho da tela:17” LCD TFT Widescreen 16:9 Resolução 1440x900; Memória: 2GB SODIMM DDR3 1333 MHZ expansível até 16GB; Disco rígido: HD 500 GB SATA; Sistema operacional: Linux, Windows; Placa de rede: 10/100/1000 Mbps Gigabit Ethernet; Placa de Wireless: Interface Padrão IEEE 802.11 b/g; Placa de Vídeo: Intel® HD Graphics; Tipo de mouse: óptico com scroll padrão USB; Tipo de teclado: Português Brasil ABNT2 104 teclas padrão USB; Interface de Áudio: Áudio de Alta Definição Intel® de seis canais; CONTEÚDO DA EMBAL